Uma visita ao ateliê de Antonio Peticov
Antonio Peticov, 70 anos e 4 meses (como ele gosta de destacar) de idade, tem 50 anos de carreira. Começou a pintar aos 13 e nunca mais parou. Hoje, é um artista multifacetado. Ao mesmo tempo em que pinta, esculpe, desenha, faz gravuras e programação visual. Suas criações correram o mundo. Das Bienais de São Paulo às individuais em museus como o Masp e o MAM do Rio de Janeiro, além de mostras em algumas das melhores galerias de arte do mundo.
Hoje, ele tem obras públicas espalhadas por São Paulo, a exemplo daquelas instaladas na estação de metrô República, que fazem referência ao modernista Oswald de Andrade, ou da colorida Torre Transburti, na Avenida Paulista. Ela virou a cara de São Paulo e São Paulo virou sua cara.
Criativo, concentrado, apaixonado pelo que faz, Peticov conseguiu o que muitos artistas jamais conquistaram. Fazer com que sua arte fosse difundida mundialmente através de capas de discos e livros, assim como calendários, cartões postais, posteres e embalagens de cosméticos.
Multicultural, é um cidadão do mundo. Morou 30 anos entre Milão (imagine você que ele foi passar um mês e acabou ficando 14 anos!), Londres e Nova Iorque. Desde 1999 esse paulista natural da pequenina Assis (SP) vive na capital paulista. E vive em meio à arte.
Uma visita a sua residência é uma experiência, uma espécie de parque de diversões para os amantes das artes. A casa, enorme, hospeda seu acervo de 150 obras (todas à venda) e seu ateliê que ocupa mais do que um quarto.
São pincéis, lápis, tintas, desenhos, pinturas, instalações e ideias espalhadas pela casa. Basta perguntar a Peticov sobre sua origem para iniciar uma viagem ao tempo e pela história. Seja ela qual for, sempre saborosa e recheada de curiosidades.
O artista é de uma cultura e uma calma ímpares. Ao mesmo tempo em que conta sobre o tempo em que morou na Itália, explica que é preciso aceitar as opiniões contrárias às suas e manter as amizades. Favorável ao impeachment, Antonio Peticov é um homem de muitos amigos. Inúmeros deles, vale contar, petistas.
Mas, como dizem, futebol, religião e política não se discute. E, ao invés de discutir, ele prefere falar do passado, do presente de suas obras e, principalmente, do futuro.
Aos 70 anos e 4 meses, Peticov parece mais ativo do que nunca. Ao lado da amiga Suzane Frisselli, ele prepara o Livro da Gratidão, que deve ser publicado em 2017. É um livro que traz o leitor para dentro da obra, onde ele poderá colorir e compartilhar com as páginas em branco a sua vida. Mas não as coisas ruins. O intuito é dos mais nobres: estimular o homem a reclamar menos e a agradecer mais.
A observar os presentes diários da vida e ser grato. E se tem uma coisa que Peticov tem é gratidão. Por tudo que viveu e que espera viver. Sua melhor fase? “A próxima. Gosto dessa expectativa de não saber o que vai ser”, responde o artista que só dorme 4 horas por noite e nem por isso se sente cansado.
Dinâmico, ele está mergulhado na criação de várias obras e também envolvido em projetos que não pode revelar. Uma pista: algo no mundo da moda deverá ser anunciado em breve.
Enquanto isso, vai tocando sua rotina entre o ateliê (em cima de sua casa) e seus projetos. Moderno, conta que anda de Uber e que usa as redes sociais. Seu site é o maior orgulho. “É completíssimo!”. Visitem.